sexta-feira, 29 de abril de 2016

Pai e filhos são denunciados por formação de milícia

29/04/2016
Manifestação pediu justiça para morte dos irmãos
A promotoria de Justiça da cidade de Piratini, no Sul do Rio Grande do Sul, denunciou um pai e dois filhos por formação de milícia. De acordo com o Ministério Público, as atividades do trio investigado começaram em 2015, quando agiam para proteger suas propriedades contra abigeatos, que são furtos e roubos de gado.

O pai é Armando Meireles Furtado, de 74 anos, e os filhos são Armando Marcos de Mendonça Furtado, 46, e Edelmiro de Mendonça Furtado (policial militar), 41. Os irmãos ainda devem responder por dois homicídios duplamente qualificados, porte de arma e coação no curso do processo, informa o Ministério Público.

A denúncia foi apresentada na segunda-feira (25), pelo promotor Adoniran Lemos Almeida Filho. Os dois estão presos preventivamente.

Conforme a denúncia, a milícia era conhecida na localidade como os "xerifes do seu Armando". Além de proteger as propriedades, os investigados passaram a realizar rondas noturnas nas estradas vicinais da cidade, o que levou ao oferecimento da prestação de serviços a outros produtores rurais. 

As rondas eram realizadas com maior frequência por Armando Marcos de Mendonça Furtado (conhecido como Armandinho), que andava armado e abordava veículos suspeitos para "averiguações". Caso desconfiasse que os suspeitos pudessem estar caçando ou praticando abigeato, eles eram ameaçados, inclusive de morte, diz a denúncia.

Homicídios
Os homicídios duplamente qualificados, que constam na denúncia dos irmãos, ocorreram em 2 de março deste ano, por volta das 20h, em uma estrada vicinal. Conforme o texto, Edelmiro e Armandinho mataram Horaci da Rosa Ávila e Hermínio da Rosa Ávila.

Após verem os dois homens passando de carro pelo local, os irmãos passaram os perseguiram, atirando, a bordo de uma caminhonete. A denúncia ainda informa que o condutor do Chevette perdeu o controle da direção do veículo, saiu da estrada e acabou caindo em um barranco. Conforme laudo pericial, ambos estavam ainda com vida quando levaram tiros na cabeça, sem qualquer condição de se defender.

A denúncia conclui que os homicídios foram causados por motivo torpe (em razão do sentimento de vingança que Edelmiro nutria em relação às vítimas) e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas.

Ameaças a testemunhas
No dia seguinte, diz a denúncia, Edelmiro ameaçou, com uma pistola de propriedade da Brigada Militar, o irmão das vítimas, que foi à veterinária do pai, Armando, cobrar explicações sobre a morte de Horaci e Hermínio. À tarde, Armandinho ameaçou com um revólver outra pessoa, que também pediu explicações sobre os homicídios, dessa vez na rua. Os irmãos passaram a ameaçar as testemunhas que seriam ouvidas no expediente policial, afirmando que, caso dessem depoimentos à polícia, os denunciados iriam "apagar" alguém.

Durante todo o período em que funcionou a milícia, aponta a investigação, Armandinho portou armas de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A quem perguntasse se ele tinha autorização para tanto, ele respondia: "não sei se pode, eu posso".

Em um dos casos de ameaça, no dia 21 de fevereiro deste ano, em uma estrada vicinal, Armandinho abordou um veículo ocupado por dois homens, que retornavam para casa. Agindo como se fosse policial e com uma arma em mãos, ele mandou as vítimas pararem o veículo e desligarem as luzes.

A investigação diz que ele chamou o pai e o irmão PM ao local, que disse que revistaria o veículo e, se encontrasse vestígio de que os dois estivessem caçando, os mataria e colocaria fogo no carro. As vítimas ficaram "detidas" pela milícia por aproximadamente três horas, até a chegada de familiares que faziam buscas pelos dois em virtude da demora.

Fonte: G1

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