domingo, 2 de dezembro de 2012

Poderia, mas não vou fazer ...



                                                                                               Paulo Eduardo Dias Taddei
Voltando a este Blog, com muita satisfação, após um período de afastamento por causa de inúmeras atribuições, em primeiro lugar peço desculpas ao Nael e a todos e todas que ainda lêem o que escrevo, por esta ausência.
Hoje eu poderia falar sobre o Natal, mas não vou fazê-lo, porque minha leitura do Natal, e de sua origem, é diferente da leitura dominante. É uma temática que envolve fé, daí minha decisão em não escrever sobre o Natal.
Poderia falar sobre o STF e o julgamento do mensalão, mas jamais chamaria qualquer dos ministros de “heróis”, como vi ontem em uma revista semanal de um amigo, porque não há heroísmo no cumprimento cotidiano de nossas atribuições, mas o simples exercício de um dever legal. Respeito, claro, o trabalho realizado, reconhecendo que talvez tenha sido o julgamento mais demorado e mais complexo da história do Brasil. Nada mais!
Poderia também elogiar o Ministro Barbosa por não ter acolhido o pedido de prisão imediata dos condenados, mas não vou fazê-lo porque, em tese, a decisão não poderia ter sido outra, uma vez que os recursos dos condenados não transitaram em julgado. Posso, como alguém que trabalha diuturnamente com o Direito, há 28 anos, manifestar minha perplexidade com o pedido inusitado de prisão imediata dos condenados, em tese, sem base legal e/ou justa causa.
Poderia, também, fazer uma breve retrospectiva do ano de 2012, mas não vou fazê-lo, por falta de espaço e por preguiça mental, após um ano positivo, mas de muita correria em razão do número de atividades que, com muita alegria, desenvolvo atualmente.
Poderia, poderia, poderia ... mil coisas ... mas vou falar de minha esperança nas possibilidades de construção de um mundo melhor. Acredito nisso, até mesmo por “vocação ontológica”. Imagine se acreditasse, por exemplo, que pobreza e riqueza são situações fatais, imutáveis, que fazem parte da “natureza humana”, e que decorrem de um “decreto divino” de natureza irrevogável? Imaginem se acreditasse que as pessoas são boas ou más por natureza, como se bondade ou maldade fosse alguma coisa pronta e acabada em nós, e não uma construção histórica, no âmbito de nossas relações com os outros e com a natureza? 
Dois sentimentos se complementam e se excluem, simultaneamente, quando penso no ser humano: decepção e esperança. Decepção, quando vejo diariamente situações concretas de exploração do ser humano pelo ser humano e a “normalização” disso como algo natural e imutável. Esperança, quando vejo “guerreiros” e “guerreiras” do cotidiano, anônimos ou não, lutando para a construção de um mundo mais justo, igual e solidário, ainda que em prejuízo de suas vidas pessoais e familiares.
É necessário deixar bem claro que tudo o que existe é construído na história, pelos homens e mulheres, ou seja, nada vem do céu como castigo ou recompensa. O “castigo” e a “recompensa” são, tão-somente, efeitos de nossa práxis na história. 
A partir do momento em que começarmos a ter este entendimento passaremos a perceber que não é normal a exploração entre os seres humanos; começaremos a entender que se construímos o “mal”, poderemos, por outro lado, construir o “bem”; se construímos a exploração, poderemos construir a solidariedade, em uma sociedade de classes sociais, marcada pela opressão, pela exclusão, pelo autoritarismo, pela alienação, enfim, por inúmeras práticas incompatíveis com a emancipação humana.
E ainda existem pessoas contra os direitos humanos ...

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