Quarta-feira-12 de agosto
A
frase ilustra o sentimento da jovem Gisele Santos, 22 anos, no momento em que
estava caída em sua casa, sozinha, com as mãos, o pé esquerdo e parte do
direito decepados e cortes profundos por várias partes do corpo. Ela chegou a
acreditar que vivia seus últimos instantes, após ter sido atacada
brutalmente pelo companheiro, a golpes de facão. As informações são do Jornal Diário Gaúcho.
Gisele, que por pouco não engrossou a lista das vítimas de
homicídios passionais e que ficou com graves sequelas, falou à reportagem
na terça-feira (11). Por questões de segurança, ela deixou São Leopoldo e
foi para outra cidade distante.
A jovem lembra com detalhes o drama vivido no dia 2 deste mês,
na casa em que ela e o então companheiro, Élton Jones Luz de Freitas, 26 anos,
moravam, na Rua Alberto Link, no Bairro Vicentina, em São Leopoldo. Tentando
salvar a própria vida, ela chegou a se fingir de morta. Depois, foi considerada
morta pelo agressor e por algumas vizinhas, que deixaram de socorrê-la. Por
fim, acreditou que realmente morreria.
Violento
como nunca
Gisele admite que as brigas do casal não eram fato incomum.
Principalmente depois que passaram a morar somente os dois, havia dois meses
(antes, residiam com a família dela). No total, a relação já durava sete anos.
"A gente tinha várias brigas e todas as vezes que ele me
bateu, eu revidei. No domingo ( 2) pela manhã a gente brigou e eu disse
pra ele sair de casa. Ou sairia ele, ou sairia eu. Ele começou a chorar e a me
pedir perdão", conta.
Decidida, ela tentou sair da casa, mas Élton a teria impedido,
colocando um cadeado na tranca da porta. Gisele, então, tentou ligar para a
mãe, mas também foi impedida pelo companheiro, que avançou sobre ela,
tirando-lhe o celular.
Quando Élton apareceu com o facão na mão, Gisele não acreditou
que ele fosse usá-lo para agredi-la. O rapaz deu-lhe um primeiro golpe na
cabeça. Na sequência, foram vários outros.

Antes de sair, e acreditando que a companheira realmente estava
morrendo, Élton ainda teria tripudiado.
Ele disse: "eu to indo lá me despedir da minha mãe. Vou dar
um beijo e um abraço nela porque sei que vou ser preso. E tu tá morta,
desgraçada."
Após a saída do companheiro, Gisele, além do sofrimento com a
dor, viveu momentos dramáticos pela demora no socorro. Ela calcula que tenha
ficado cerca de dez minutos gritando, até que uma vizinha teve coragem de
entrar na casa. Acreditando que estava morrendo, Gisele implorou:
"Eu dizia pra ela: 'vizinha, vizinha, eu só quero me
despedir da minha mãe e dos meus irmãos'.
Duas mulheres que, para
a Gisele, eram da igreja da comunidade, entraram na casa.
"Eu só enxerguei a saia delas. Elas me olharam e disseram
para a vizinha: "Não tem como fazer mais nada no estado em que ela está. E
não podemos mexer na cena do crime". E todas saíram, me deixando ali
sozinha. Minha mãe, que estava em Sapucaia, foi para São Leopoldo e só cinco
minutos depois dela é que chegou o Samu", queixou-se.
"Quero a justiça de
Deus"
Na noite do mesmo dia, Élton apresentou-se à polícia. Foi à DPPA
de São Leopoldo, relatou o que havia feito, mas alegou que "não estaria
suportando mais as agressões que sofria da companheira". Não convenceu e
foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio. E segue no Presídio
Central.
Gisele ficou quatro dias internada quatro dias, em estado grave,
na UTI do Hospital Centenário, em São Leopoldo. Foi submetida a cirurgias para
reimplante dos pés. Em relação às mãos, a recomposições não foi possível. Após
mais dois dias em um leito do hospital, Gisele recebeu alta.
Amigos e pessoas que se sensibilizaram com o seu drama tentam
ajudá-la. Em Canoas, o músico Sergio Mossmann, da banda The Prozak Park, está
organizando um show com a participações de outros grupos para arracadar doações
ou dinheiro para ajudar Gisele.
Enquanto isso, pelo
Whatsapp (51) 8324-0378 e pelo Facebook, ele organiza doações de fraldas e
lenços umedecidos, que estão sendo usados por Gisele na recuperação.
Violência contra a mulher
De acordo com o levantamento mantido pelo Diário Gaúcho, até
terça-feira, dia 11, pelo menos 77 mulheres foram assassinadas na Região
Metropolitana - 63,8% a mais do que no mesmo período do ano anterior (47).
Das 77 vítimas deste ano, pelo menos 17 teriam sido mortas por motivos
passionais.
Onde buscar ajuda:
0800-5410803 - Telefone Lilás (serviço do Estado com
orientação para mulheres vítimas de violência. Funciona de segunda a sexta, das
8h30min às 18h.)
180 - Central de Atendimento à Mulher (serviço nacional,
funciona 24 horas, para orientar mulheres vítimas de violência.)
190 - Brigada Militar
Deam
- Delegacia Especializada no Atendimento
à Mulher. A vítima precisa procurar a de sua cidade (nem todos os municípios
dispõem da especializada), ou de um município próximo. Em Porto Alegre,
funciona no Palácio da Polícia, na Avenida João Pessoa. Telefone: 3288-2172.
E-mail: poa-dm@pc.rs.gov.br
Fonte:Rádio Gaúcha
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