Quarta-feira- 02 de agosto
Para sustentar o vício, os móveis são dados como garantia pela droga |
Consciente, sem os efeitos devastadores provocados pelo uso
de uma das drogas mais degradantes que existem, uma mulher de 44 anos aguardava
em uma das salas da Delegacia de Polícia Civil os desdobramentos da ocorrência
envolvendo seu fornecedor de crack, 17 anos, detido pelos agentes em uma
operação na noite da quarta-feira, 02.
Além de colaborar com a investigação, sua permanência por
horas na DP tinha outro objetivo: reaver a televisão que junto com a cozinha
completa foi trocada pela droga.
- Eu estava sem dinheiro e quando isso acontece deixo meus
bens com ele até que eu consiga a grana – explica a mulher que pediu ter a
identidade preservada com medo da interferência do Conselho Tutelar o que pode
acarretar na perda de guarda de seu casal de filhos com 09 e 12 anos.
Viciada há dois anos, conta que migrou da cocaína para
o crack devido à “branca” não fazer mais efeito.
- Quando tenho dinheiro vai quinhentos, até mil em pedra. O
efeito é que ele te deixa calma, não sinto fome e, por um momento você esquece
os problemas, mas, quando não tem a droga, dinheiro para compra-la ou algo para
dar em troca, o efeito da abstinência é horrível –
Ela conta que em janeiro deste ano conseguiu comprar uma
casa e, com medo de se desfazer do patrimônio em nome do vício efetuou o
registro da residência em nome dos filhos.
Na sua concepção a internação para tratamento só adiantaria
se fosse a longo prazo, pois, na ala dedicada para este fim no município já foi
internada por uma semana, o que de nada adiantou para reduzir a vontade de
utilizar a pedra.
- Acredito que no meu caso só terá resultado se eu ficar de
sete a oito meses. Quero estar livre do vício por causa dos meus filhos. Eles
têm sonhos. Minha filha quer ser juíza e meu filho marinheiro e como educação
começa em casa, sei que não estou dando um bom exemplo- encerra.
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