Quarta-feira- 26 de abril de 2017
Tudo pronto: Pedreiro já construiu a última morada |
Caminhar normalmente pela rua e de repente levar um tremendo susto ao dar de cara com alguém que você julgava já ter partido desta vida ou, ao circular pelas alas do Cemitério Municipal de Piratini e ficar chocado porque ainda ontem você havia encontrado a figura dona do rosto exposto na lápide e até conversou com ela.
Histórias
assim garante o pedreiro aposentado Valmir Sandim, 66 anos, ocorrem com frequência
em seu cotidiano.
O ditado: ӎ
melhor prevenir do que remediar”, neste caso, perde seu sentido quando um outro
dito popular ilustra o tema: ”só não há remédio para a morte.
. Em tom de
brincadeira, estes e outros ditos estão presentes na curiosidade agora já não
tão incomum, mas antes vista como macabra, quando alguém decidia ainda em vida
realizar pessoalmente todos os preparativos da última morada.
O plano
funeral ele assegura, é baratinho mensalmente, e se por um acaso o coração
parar amanhã, brinca: -se me acharem caído por aí, é só pegar o cartão que tá
no bolso e ligar para o número da funerária. Tá tudo pronto e pago-
A sepultura, a
lápide e até mesmo a foto com a data de nascimento, já aguardam o morador que
contou a reportagem que esta há muito era uma grande vontade, realizada
somente em 2001, por falta de recursos.
Justifica
tanta precaução dizendo que a intenção é não dar trabalho aos filhos quando
morrer já que moram na serra gaúcha, mas que ainda não sabem da atitude um
tanto mórbida do pai, ficando para eles, apenas a incumbência de colocar a data
da partida - A morte pra mim é igual ao nascimento, ou seja, quando nasci, já
fiquei pronto pra morrer”, opina o pedreiro.
A quimioterapia na busca da cura de um câncer na próstata diagnosticado em 2007, não tira o bom humor do aposentado que assegura ele não motivou tanta precaução.
A quimioterapia na busca da cura de um câncer na próstata diagnosticado em 2007, não tira o bom humor do aposentado que assegura ele não motivou tanta precaução.
- Faço o
tratamento porque os médicos mandaram, mas, repito o que digo sempre a eles:
Não sinto nada, portanto não tenho nada-
Ao recordar
de alguns dos episódios relacionados à sua foto em uma lápide mesmo estando
vivo, ele mostra mais uma vez que o bom humor influencia em seu ótimo estado de
saúde ao contar que muita gente coloca flores em seu túmulo por achar que está
morto.
- Outro dia
encontrei uma amiga e depois do susto que levou ao me ver ela disse:
Valmirzinho, que bom que eu te encontrei, pois outro dia rezei tanto por ti no
teu túmulo. -Respondi pedindo para ela continuar rezando, pois assim eu
ia viver mais- , relembra entre gargalhadas ao reproduzir o fato-
Já um amigo
cruzou comigo na rua e ao me ver, desconfiado seguiu em frente e novamente
parou, me olhou outra vez e achando que estava vendo um fantasma, até que criar
coragem para finalmente se aproximar e constatar que eu tô vivinho”, ilário,
encerra.
Nael Rosa- redator responsável
Contato: 53-84586380
email:naelrosa@nativafmpiratini.com
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