segunda-feira, 8 de abril de 2013

O AMBIENTE COMO MEIO PARA O ILÍCITO



“A árvore, que comove com lágrimas de alegria algumas pessoas, é para os olhos de outras pessoas, apenas uma coisa verde que se levanta no caminho. Algumas pessoas veem na Natureza apenas ridículo e enfermidade, e por esses eu não regularei as minhas proporções. Algumas outras mal chegam a ver a Natureza. Mas para os olhos do homem de imaginação, a Natureza é a própria Imaginação. Conforme o homem é, assim vê.”
              (Blake, 1757 —1827, poeta, tipógrafo e pintor inglês)
                                               ********

            A recente ação da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, que resultou nas prisões de agentes políticos e de outras pessoas envolvidas em corrupção em processos de licenciamentos ambientais, expõe o ambiente poluído por interesses mesquinhos, de cunho meramente monetário, em detrimento de uma atmosfera sadia sob todos os ângulos.
            Não bastasse o fato de a Natureza – como patrimônio da humanidade – continuar a sofrer desastres de grandes proporções, as autoridades constituídas – que deveriam ser as encarregadas de a tutelar – desnudam-se, publicamente, como coniventes e patrocinadoras de corrupções que usam o ambiente natural somente como “meio” de suas ignóbeis práticas inconsequentes.
            É verdade que tais autoridades já demonstravam ser morosas e em não raras vezes relapsas na apreciação de demandas por licenciamentos ambientais. No foro de Piratini, por exemplo, tramita um processo contra a FEPAM, cujo autor é um cidadão idoso que, após ter somados despesas para a formulação de um pedido de regularização de loteamento e ter encaminhado a esse órgão, toda a documentação (inclusive já com pareceres expedidos!) foi lá extraviada, gerando, ainda, mais demora ao interessado – um exemplo de desídia no trato da coisa pública!   
O nosso Estado é berço de José Lutzenberger, um ativista pela ecologia que chegou a ocupar o alto cargo de Secretário Especial do Meio Ambiente no Governo de Collor de Mello. Sua passagem foi breve em tal mister   justamente por suas fortes denúncias contra corrupções no IBAMA.
Se estivesse vivo, Lutzenberger provaria nova indignação ao saber que em sua terra natal – com nome de “rio” – maus políticos e maus servidores trocam licenças ambientais por moedas, sem pensarem no futuro da Natureza.
Enquanto seu exemplo de homem público não for imitado, principalmente pelos ocupantes de funções relacionados ao meio ambiente, Gaia - deusa grega da Terra - chorará a indiferença de incertos Homo sapiens desprovidos de respeito pelo próprio planeta onde vivem.  
           
            JUAREZ MACHADO DE FARIAS
    Advogado e Radialista.
            juarez.piratini@yahoo.com.br

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe sua opinião! Pois a mesma é de extrema importância para nós!