Sexta-feira- 24 de novembro de 2017
Guilherme faz ele mesmo a aplicação da insulina cinco vezes por dia |
Na última década, o número de pessoas
com os diabetes tipo 1 e 2 no Brasil subiu 61,8%, de acordo com
números do Ministério da Saúde. O público mais afetado são as mulheres – 1 em
cada 10 está diagnosticada com a doença. Maiores índices de sedentarismo e de
obesidade fazem delas as principais vítimas do diabetes, afirmam
especialistas.
Para o médico João Eduardo Nunes
Salles, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, as doenças são irmãs.
"O aumento do diabetes se dá basicamente pelo aumento da
obesidade e do sedentarismo, é a mesma relação. As pessoas morrem de medo de
ter diabetes, mas não tem medo da obesidade", alerta.
Caroline Amaral da Silva 33 anos, viveu
a rotina da aplicação da insulina e os efeitos do diabetes tipo 1, por 14 anos
com o marido, período em que durou o casamento. Isso foi motivo de preocupação
com o filho deles, Guilherme, hoje com 15 anos, que realizava exames periódicos
para acompanhar as taxas de açúcar no sangue, mesmo que os médicos consultados
assegurassem que, quem teria a possibilidade de desenvolver a doença seriam os
filhos de Gui, como é chamado, ou seja, os netos de Caroline.
Gui sempre foi um comilão de doces,
até que em 2013, passou a ter uma rotina diferente. Ingeria muita água e
urinava acima da média, inclusive durante a madrugada.
- Ele era muito ativo, andava muito
de bicicleta então, associei a sede a isso e o urinar acima da média também a
grande quantidade de água ingerida- relembra Carol que é cargo de confiança na
Prefeitura de Piratini.
Rotina alterada, mas nada de
preocupação com os sintomas até que, um dia após o natal de 2013 o garoto foi
dormir na casa da avó paterna que, por ter criado um filho com a doença teve
outra visão do que presenciou.
- Ela me ligou e disse: Carol, eu
acho que o Gui está com o açúcar alto, está tomando muita água, passou a noite
urinando em excesso e está com a boca seca – relembra.
Levado ao hospital foi submetido a um
teste de HGT, sigla usada para definir o hemoglicoteste que mede o nível de açúcar no
sangue. Resultado: 536, o suficiente para provocar coma, então, assim como o
pai, Gui estava com o diabetes tipo 1. A internação foi imediata no Hospital de
Piratini e, a seguir, em uma unidade em Pelotas.
A insulina aplicada não fez efeito,
com isso o próximo passo foi leva-lo a um endocrinologista, profissional da
medicina especialista no tratamento da mazela. Ele trocou o tipo de insulina e
Gui voltou para casa para, a partir dali, viver uma vida de alterações.
- No inicio foi difícil, doía e eu
que adorava doces não poderia mais comer. Lembro que chorei muito, pois passei
anos vendo meu pai se perfurando para aplicar insulina. Um dia ele aconselhou
que eu realizasse a auto aplicação e, a partir dali, perdi o medo e hoje eu
mesmo me aplico cinco vezes por dia – conta o garoto que leva uma vida normal,
pratica esportes e se mantém inserido socialmente sem nenhum problema devido à
doença.
Como a insulina fornecida na Farmácia
Básica não faz efeito no organismo do filho, um dos problemas que a mãe
enfrenta é o custo da mesma.
- Custa mais de mil reais
por mês. Tentei na justiça através do Estado, o que vou ter que fazer outra
vez, mas perdi. Hoje ele faz o tratamento adequado porque há uma pessoa na
cidade que doa todos os meses o medicamento ideal, mas isso não será para
sempre- preocupasse a mãe.
Nael Rosa- redator responsável
Contato: 53-84586380
email:naelrosa@nativafmpiratini.com
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