Quinta-feira- 06 de junho
Já acumula quase 3 mil
compartilhamentos no Facebook o vídeo em que o cantor Luiz Marenco faz
críticas às regras do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
– Tem muita regra. O lenço, tá
ali na cartilha, tem que ter tantos centímetros, a bombacha tem que ter
tantos centímetros de largura, a bota tem que ser assim, a camisa assim, o
chapéu... Isso é um manequim! – criticou.
Marenco cita uma ocasião em que
foi convidado a ser jurado de intérprete vocal no Encontro de Artes e
Tradição Gaúchas (Enart).
– Os três que eu achei melhor não
ganharam nada. Aí eu perguntei “mas o que está errado, os guris cantaram
tão bem?” E responderam “não, mas é que a gente descontou ponto porque um
estava de relógio, o outro estava com o lenço que não era vermelho nem
branco e o outro com a camisa dobrada. Não pode – relata.
Indignado, o cantor nativista
teria feito um novo questionamento aos demais jurados:
– Tá, mas vocês estão julgando
roupa, manequim, o mais bonito, ou a arte dele? – indagou.
O cantor também lançou um olhar
sobre o gaúcho ao longo da História, afirmando que havia gaúchos com trança
no cabelo (oriundos da Espanha) e homens com brinco, os marinheiros. As
duas situações são recusadas atualmente pelo MTG.
Em relação às questões sociais,
nova crítica. Marenco diz que o Movimento se tornou elitista, cerceando o
direito de participação de pessoas com baixa renda, devido ao rigor e
complexidade das exigências estabelecidas.
– Se um jovem ganha um salário
mínimo e quer entrar no CTG, o salário dele não vai dar para comprar a
pilcha, conforme manda a cartilha. E se ele compra a pilcha, no mês que vem
ele come o quê? – questiona.
Ao descrever uma situação típica
da lida de campo, na qual um boi escapa enquanto o rebanho é levado para a
mangueira, o cantor criticou as normas do tiro de laço.
– Um gaúcho, o peão de estância,
não vai pegar (contar), nove rodilhas, uma, duas, três…o boi já está lá na
Bossoroca quando ele terminar de contar as rodilhas. O homem do campo pega
o laço, desenrodilha aqui, tira o tento aqui e faz qualquer tipo de armada,
ele não quer que o boi vá pro mato. Se ele laçou a orelha, uma guampa, não
importa – afirma.
Na entrevista, Luiz Marenco citou
o payador missioneiro Jayme Caetano Braun para dizer que não se importa com
possíveis repercussões negativas de suas declarações junto ao MTG.
– Não vou matar meus avós pra
ficar de bem com os netos – disse ele, citando Caetano.
A pedido do Repórter Farroupilha,
o presidente do MTG, Erival Bertolini, preparou uma nota sobre as
declarações do cantor. No final, diz que o movimento serviu para muitos
“iniciar-se profissionalmente neste berço” e que depois de se consagrar, “passam
a criticar o berço que os criou”.
Não vou comentar as críticas do
Sr. Marenco, que faz sobre as regras do MTG. Um cantor consagrado que,
embora suas críticas, as vezes que o vi, estava bem pilchado.
Com relação a nossa indumentária,
são todas as regras baseadas em pesquisas e amplamente discutidas e
aprovadas em nossas convenções ordinárias que acontece todos os anos no mês
de julho, sendo aberto a todos os tradicionalistas para discutir, concordar
ou discordar. Aquilo que é aprovado passa para as diretrizes de
indumentária e os que participam de eventos competitivos devem estar de
acordo, pois competição tem regras e estas devem ser cumpridas.
Com relação ao tiro de laço, que
o movimento pratica nos rodeios para preservar uma cultura que faz parte da
nossa historia, que esta no sangue do gaúcho oriundo do campo e até do
citadino de hoje, também é competitivo além de cultural. E para tanta
competição há regras, que vem através das pesquisas e da tradição de pai
para filho. Não é de graça que a armada para peão (adulto) tem 8 metros e
quatro rodilhas, na campereada, nas lidas de campo, o peão é livre e
pratica do seu jeito como achar melhor.
O gaúcho tradicionalista ficou
conhecido no Brasil inteiro e no mundo, pela nossa historia, pela nossa
cultura, mas também pela nossa estampa, pela silhueta que molduram os
livros e os quadros culturais quando se quer representar um gaucho. As
regras de indumentária estão na lei 8.813 de 10 de janeiro de 1989, de
autoria do deputado Algir Lorenzon, que no seu artigo primeiro, arágrafo
único, diz: “será considerada “pilcha gaúcha” somente aquela que, com
autenticidade, reproduza com elegância, a sobriedade da nossa indumentária
histórica, conforme os ditames e as diretrizes traçadas pelo Movimento
Tradicionalista Gaúcho.
Este movimento com suas regras
seus erros e seus acertos, hoje está servindo de modelo de preservação dos
usos e costumes da família e dos valores da nossa terra, e, ainda mais,
servindo para muitos iniciar-se profissionalmente neste berço, depois de se
consagrar passam a criticar o berço que os criou.
Na minha humildade vou iniciar
meus netos o que iniciei aos meus filhos, que aprendi com meus pais e meus
avôs, a respeitar a tradição deste povo, como disse Edson Dutra: “nem que
passe mil anos não vamos afrouxar o garrão”, o modismo não altera nossa
linda tradição.
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