segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Vice desabafa: o racismo é institucional


Professora foi forte em suas declarações

A ausência quase que total de representantes locais, autoridades e principalmente da área educacional durante os três dias de programação das festividades alusivas à Semana da Consciência Negra, promovidas por órgãos ligados à área durante o fim de semana no clube 13 de Maio, ocasionou um desabafo da professora Eva Maria Pinheiro, vice-presidente do Conselho da Comunidade Negra de Piratini.

‑ Isto demonstra o quanto à escola é racista e o quanto o racismo é institucional – disparou a vice, fazendo uma referência não ao racismo velado e sim, ao que foi inserido através da história na cultura da sociedade brasileira.
Para ela, é imprescindível a participação de todos os segmentos da comunidade piratiniense em atividades deste gênero, e que visam motivar as pessoas a discutirem  situações em torno da negritude, como o preconceito racial e a discriminação, mas a instituição responsável por educar tem papel preponderante.
- A escola é formadora de opinião e tem sim o dever trabalhar a cultura afro- indígena e se fazer presente em eventos como este, inclusive isso é previsto em lei – disse Eva, numa referência a Lei 10.639 sancionada em 2003 que institui a obrigatoriedade da temática.

A timidez com que a contribuição do povo negro para a formação do país como um todo, é tratado nos colégios, recebe críticas da educadora.
- Não se vê quase nada neste sentido. A maioria dos professores se sente retraídos e até com certo receio de abordar esta temática porque às direções não oferecem, ou não estimulam com o suporte necessário –

A reclamação é justificada com as capacitações hoje ofertadas de forma gratuita pelo Estado, que custeia as despesas de professores que queiram ampliar seus conhecimentos  para depois leva-los para a sala de aula. Na visão de Eva, isso é pouco incentivado e até divulgado pelas direções que não demonstram interesse em qualificar para aprofundar as discussões em torno do tema.
- Não somos somente  capoeira e danças. Ensinar sobre o povo negro não depende de uma ou outra disciplina, estamos em todas. Na Matemática, cito a engenharia, através das pirâmides do Egito, país da África, que até hoje não se entende que inteligência era esta, já que tudo está intacto, ou a Ciência, com as patologias exclusivas dos negros como a anemia falciforme. Em Piratini, Não há interesse dos brancos nestes assuntos, pois vários eventos realizados durante o ano e onde ao tema é outro, contam com a presença de professores e seus alunos – disse em tom de mágoa, a vice –presidente.

Somente alguns mestres e a diretora da Escola Inácia Machado da Silveira, que é negra, participou das festividades.

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