“Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelângelo
pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia.”
(Martin
Luther King, político norte-americano, 1929-1968)
. . . . . . .
O sapateiro,
o médico, o gari, o advogado, a dona-de-casa, o mecânico, o engenheiro, o
agricultor, a empregada doméstica, o radialista – não vejo como diferençar em
grau de importância uma profissão de outra. Cada uma compõe a imensa orquestra da sociedade. Se
somente um dos artistas falhar, a música não será a mesma.
Penso na
cidade tocada pela vassoura do gari. Imagine se ninguém aceitasse trabalhar
nesse valoroso labor: recolher, com a vassoura, as folhas secas das árvores, os
plásticos e restos de cigarros deixados por pessoas que ainda não descobriram
que o planeta é a casa de todos e por isso deve ser limpa em todos os seus
meandros.
O gari
soleniza os espaços públicos para que os transeuntes andem livremente pelas
praças, calçadas, ruas, ruelas – higienicamente no direito constitucional de ir
e vir. O gari dignifica a cidade. E dignidade não tem preço.
Recentemente,
no mundo, outra profissão se expande com um viés de ecologia e inserção social:
a de catador. Resíduos sólidos produzidos pela humanidade precisam ser
reciclados: é o luxo que deve virar luxo, seja no reaproveitamento para
tornar-se em produtos utilitários, seja para tornar-se húmus para a riqueza dos
solos. Alguns se preocupam em escolher eufemismo para o ofício: “agente
ambiental”. Qualquer que seja o nome, o mister é nobilíssimo.
Se cada um
dos músicos da orquestra que somos buscar a perfeição em cada número musical,
em cada ensaio, a apresentação final deverá ser bela, fascinante aos ouvidos
onde chegar.
Cuidado: não
vamos desafinar.
JUAREZ MACHADO DE FARIAS
www.juarezmachadodefarias.blogspot.com
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