Quarta-feira- 03 de janeiro de 2017
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Emocionados e fragilizados Ana e Rubilar comentaram a perda |
Dias após viver a tristeza
de perder o primeiro filho, Ana Paula Dávila, 30 anos, chamou a imprensa para
falar sobre a tragédia e agradecer a solidariedade da comunidade local.
Num clima de muita comoção
realizamos a entrevista e junto com o choro que ia e vinha, ela e o marido
Rubilar Dias, 38 anos, contabilizavam em nossa presença os valores descritos
nos envelopes de depósito onde estava o dinheiro arrecadado pelo Programa Bom
Dia Nativa que nem chegara a ir para a conta bancária dado ao parto prematuro
aos seis meses e a consequente morte do bebê no primeiro dia do ano.
Entregaram o montante ao
comunicador da Nativa FM e deram a ele a missão de decidir o destino da
quantia: 10 mil reais.
Ao falar do filho, entre
lágrimas, Ana que segue a doutrina espirita disse entender que Arthur veio por
algum motivo, e se foi para ajudar outras vidas ele é um anjo abençoado que
neste momento está junto do pai e do irmão, outras duas perdas prematuras que
ela sofreu.
- Meu filho me ensinou um
amor que nunca senti, e mesmo que futuramente eu venha a ser mãe ele jamais
será esquecido. Tivemos uma ajuda que eu nem imaginava. Ele mobilizou uma
cidade inteira em quatro dias, então, acredito que veio para nos ensinar o
amor, a solidariedade e a união – tentou resumir a mãe dilacerada pela dor.
Ela acrescentou que embora
com a perda foi extremamente feliz durante a curta gestação e que é
grata mesmo que a passagem de Arthur tenha sido tão rápida.
Para as mães que tem
Filhos com Hérnia Diafragmática Congênita- HDC, que acomete um feto a
cada 2.500 gestações ou outras doenças, Ana Paula pediu a todas que nunca
desistam.
- Lutem até o fim como
fizemos. O dinheiro não soluciona, a prova disso é que o conseguimos e não
adiantou porque era a vontade de Deus, mas lutem – pediu.
Enquanto a esposa
companheira de 14 anos, a maioria deles de muitas dificuldades financeiras
falava, Rubilar segurava na mão dela como que pedindo forças para abordar o
assunto. Soluçando, com um choro contínuo e emocionante, disse:
- Me desculpem, mas meu
sentimento é de fracasso. Fui pai por muito pouco tempo e tive, pela lei da
vida que carregar meu filho até o túmulo. Ele foi planejado, amado e agora o
que ficou foi uma dor inexplicável de uma ferida que vai sangrar enquanto eu
estiver vivo – falou Rubilar que num esforço sobre-humano respirou fundo e
ampliou:
- Pai, por um filho, passa
fome, passa frio, dá a vida, como está fazendo o Murrão, pai de Maria Flor. Pai
é uma palavra que eu nunca vou ouvir, não vou poder proteger e
sentir a alegria de ser chamado assim diariamente. Nossa lembrança será sempre
de ter estado poucas horas com um ser tão desejado –
Quanto ao ato de devolver
o dinheiro, disse que ele e a mulher são seres humanos que acompanham a luta
das outras mães e suas crianças, e que quando ele era garoto foi o
que toda criança deveria ser: ensinado a ser solidário e amar ao
próximo nesse mundo onde algumas vezes o que faz a “diferença” é
quem tem ou não tem dinheiro.
- Temos que ajudar unir as
pessoas através do amor, da fraternidade, do carinho e da
solidariedade, assim entendo que não estamos fazendo mais do que
nossa obrigação ao devolver o dinheiro para que outros sejam ajudados.
A soma de 10 mil reais foi
dividida entre a família de Maria Flor que continua lutando pela vida no
Hospital São Francisco em Pelotas, e a da pelotense Marciana Balhego, 41 anos,
que está com 24 semanas de gestação de Helena e o feto tem a mesma doença de
Arthur, HDC, agravada com encurtamento dos membros superiores e por lábio leporino.
Marciana também tem que ir
para São Paulo o mais rápido possível para que o bebê receba o balão salvador e
sua campanha em Pelotas só arrecadou R$ 1.100,00, o que é quase nada diante do
gasto que vem a seguir e da possibilidade de ter que ficar até um
ano na capital paulista com o bebê na UTI.
Nael Rosa- redator responsável
Contato: 53-84586380
Naelrosa@nativafmpiratini.com
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