quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

MP quer bancas de camelôs fora do Centro Histórico

Quinta-feira- 18 de janeiro de 2017
MP quer a retirada dos comerciantes do perímetro central
Será que desta vez sairemos? e para onde iremos? são duas indagações que traduzem a incerteza e acometem novamente os oito empresários que extraem sua renda das chamadas “bancas” que formam o camelódromo instalado há mais de 20 anos na Rua João de Deus Valente, no centro da 1ª Capital Farroupilha.

O blog Eu Falei tomou ciência da situação na quinta-feira, 17, e passou a explorar o assunto que novamente e, pelas mesmas mãos, o Ministério Público, voltou a tramitar na justiça em novembro de 2017, conseguindo captar a tensão e o medo de alguns e de dúvidas de outros, diante da possibilidade de perder o emprego.

Entre os que entrevistamos a mais tensa com a volta, mas agora mais real da possibilidade, é Maria Garcia de Souza, 49 anos, que atua há 22 anos no local e da banca onde vende produtos diversos como eletrônicos e brinquedos retira o sustento para ela e mais seis dependentes.
- Eu vivo daqui. Não sabemos nada já que a prefeitura que é quem concede as autorizações não nos comunicou, não sei o que vou fazer – falou a comerciante.

A metros dali, Antônio Fontoura, 70 anos, 17 de camelódromo e que ganha entre mil e duzentos e mil e quinhentos reais brutos mensalmente para consertar sapatos, já pensa em parar se a Ação Cível Pública do MP for julgada procedente futuramente pela justiça.
- Não acho isso correto, pois estamos só ganhando o pão nosso de cada dia. Concordo que precisamos obedecer à justiça, mas como sei que a prefeitura não tem um local bom para nos instalar, vou desistir. - afirma ele que tem como dependentes mais três pessoas.

O que eles não sabem, é que a promotora de justiça Roseli de Azevedo Lopes, recentemente tentou junto ao juiz da comarca a extração em carácter liminar de todos em 72 horas e, isso só não ocorreu devido ao entendimento do magistrado Mauro Peil Martins, como nos contou também em entrevista o advogado Diego Ibeiro, assessor jurídico da prefeitura.
 - O MP queria que os retirássemos dali em três dias no máximo. Apresentamos nossa defesa e entendo que influenciamos para que a liminar não fosse concedida e com isso termos e darmos mais tempo para uma solução – disse Ibeiro.

Peil Martins, que indeferiu a liminar e argumentou:
- Para a concessão de medida antecipatória devem estar presentes dois requisitos, quais sejam, probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao patrimônio público, o que entendo não existir, pois o mesmo não está sendo diretamente afetado como, por exemplo, descaracterizações, destruições e deteriorações –
Ele continua:
- Ademais está em jogo a fonte de renda de diversas famílias que dependem dos pontos de táxis e lojas de comércio informal para suprir seu sustento –

Peil cita os táxis porque na ação do MP também é requisitada a retirada dos mesmos e  que atualmente tem como ponto de partida as fachadas dos prédios históricos e  tombados. Neste caso, embora o jurídico da prefeitura entenda que existam no máximo três situações e que estas seriam simples de resolver, é uma questão de interpretação, pois, em frente ao chamado Hotel do seu Dudu, na Avenida Maurício Cardoso, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), há hoje uma cobertura que abriga quatro táxis.
Mas as alterações que para muitos dependem do seu único trabalho, são um tanto radicais já que atingem também os trailers de lanches.

- A ação cita também os Trailers. Fixos nem pensar. Todos terão que ser móveis não só no centro da cidade, mas em todo o perímetro urbano, assim, para seguirem trabalhando caso haja êxito do Ministério Público, somente se ao final das atividades forem rebocados – revela Diego Ibeiro.

Em primeira mão, antes mesmo da parte, ou seja, da prefeitura ser intimada, recebemos a informação de que o juiz Mauro Peil  Martins concedeu um prazo de 45 dias para que o executivo apresente um plano de adequação ressaltando que o tema já vem sendo debatido com o Ministério Público há muito tempo.

 Transcorrido esse prazo, ele vai novamente analisar a antecipação de tutela que nada mais é que o cumprimento do que requer Ministério Público, no mínimo até a ação ser julgada. Esse prazo ainda não começou a valer, o que deve acontecer em no máximo dez dias a contar de sexta-feira, 19.


-Num curto espaço de tempo é praticamente impossível de se adequar, principalmente o camelódromo que na minha visão é a parte mais complicada de se resolver, mas, é possível que ao final dessa determinação tenhamos como apresentar um plano do que pretendemos realizar e com isso o magistrado entenda que no mínimo temos a intenção de dar solução à questão – conclui Ibeiro.
Nael Rosa- redator responsável
Contato: 53-84586380

Naelrosa@nativafmpiratini.com

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