Inédito não é, mas, no mínimo incomum, a polícia atender, investigar e a
imprensa noticiar, o abate e roubo de cavalos como crime de abigeato.
Em Piratini, parece que não é mais suficiente para os ladrões apenas
causar pânico e prejuízos aos residentes na zona rural somente com a invasão
das propriedades para roubar ovelhas, touros e vacas. Em uma semana, a Polícia
Civil atendeu duas situações onde equinos foram o alvo dos criminosos.
Na madrugada de quarta-feira, 6 de março, ladrões atacaram a propriedade do
empresário Paulo Borges, localizada no Cerro dos Canócas, 1º Distrito , e
abateram com tiros na testa duas éguas que, carneadas no local, tiveram quartos
e paletas retirados e levados para certamente serem vendidos no mercado negro
da carne sem procedência e inspeção sanitária.
A preocupação, tanto dos proprietários como dos policiais, é que os
animais haviam sido vacinados recentemente, o que não permite o consumo da
carne dado os riscos para a saúde.
Em outro ataque, a um quilometro do primeiro, outra propriedade teve
objetos usados para o processo de desmanche e desossa de abatidos roubados.
Chairas, facas e serras, e também uma encilha completa, foram subtraídos
e, segundo o proprietário, o roubo foi praticado por pessoas que conheciam o
cotidiano da residência, pois foram objetivos atacando apenas a dependência que
abrigava o que foi levado.
Na semana passada, na Coxilha Alta, ainda no 1º Distrito, outro cavalo
foi baleado, mas, neste caso, os criminosos abandonaram o animal ferido no
campo e este precisou ser sacrificado.
Próprio ou imprópria para consumo?-Fomos buscar orientações para o risco do consumo de carne equina nessas
condições, com o veterinário Marcelo Bardi, que esclareceu ser
ela perfeitamente consumível, o que no Brasil não é comum, mas sim,
na Europa, tendo inclusive um frigorífico em São Gabriel que
processa e vende toda a produção para países do primeiro mundo.
- Ela é perfeitamente consumível. O que você não pode é enganar o
consumidor vendendo carne de cavalo como se fosse bovina – explica Bardi.
Mas ele concorda que deve ser isso que irá ocorrer.
- Certamente essa carne será usada em subprodutos, ou seja, será
misturada a carne suína ou bovina para confecção de linguiça antes de ser
vendida – alerta o veterinário.
Segundo Marcelo Bardi, é difícil discernir visualmente a carne de cavalo
das provenientes dos bovinos.
Ele alertou ainda para os riscos à saúde devido os animais terem recebido
vacinas recentemente e a forma inadequada em que a carne foi manuseada.
- Quanto à vacinação, há o risco de intoxicação e outros distúrbios para
o organismo humano. O agravante seria possíveis contaminações adquiridas no
momento do manuseio e transporte das peças retiradas durante o abate clandestino
– explica Bardi
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