terça-feira, 26 de março de 2013

Violência: era uma questão de vida ou morte


Éramos nós ou ele!” Com essa frase, o aposentado de 66 anos definiu os momentos de pânico e pressão psicológica que ele e a esposa, de 52, sofreram na madrugada do último sábado e que o levou a atirar em Jorge Luís Borges Lima, responsável por  aterroriza-los por vários minutos ao tentar invadir a residência do casal no Rodeio Velho, distante 31 quilômetros de Piratini.

De baixa estatura, franzino e com aparência inofensiva, o idoso nos atendeu ontem após prestar depoimento aos policiais da Delegacia de Polícia de Piratini.
Antes, na antessala, a esposa, agarrada à muletas de madeira por ser deficiente, sintetizava o grau de vulnerabilidade de quem mora sozinho e bastante distante dos próximos vizinhos.
Ela contou:
- Era mais ou menos cinco da manhã. Ouvimos gritos, os cachorros latindo muito e em seguida as batida nas janelas com alguma coisa que ele usava. Meu marido mandou eu me esconder no banheiro e de lá, chamei a polícia – relembra a mulher, que continuou:
- Do basculante eu tentava ver o que acontecia, mas não enxergava nada. Dava para ouvir ele já baleado, gritando e pedindo para que rasgassem uma camisa para colocar no ferimento. Falava coisas estranhas dizendo que lá era a casa dele e as mesmo tempo, o que a mãe dele iria dizer quando descobrisse o que havia feito na casa dos outros – completa a moradora, que carrega o medo consigo ao ter agora que voltar pra casa.
Jorge que ainda está internado em Pelotas se recuperando da cirurgia no abdome após a retirada da bala, estranhamente não é conhecido por ninguém nas redondezas. Devido a grande exposição ou nenhum cuidado ao tentar assaltar a residência somada às coisas desconexas que disse, reforça-se a hipótese de que estivesse embriagado ou sob efeito de drogas e para o casal, havia um comparsa que fugiu.

O aposentado, que assim como sua companheira requisitou o anonimato, afirma que antes de disparar o revólver calibre 38 deu vários avisos ao invasor pedindo ainda que este fosse embora.
- Ele tentava derrubar as portas e abrir as janelas e dizia: eu vou invadir viu? Aqui pelo basculante não dá pra entrar, muito apertado, mas pela porta dá. Vou derrubar – reproduziu o idoso para nossa reportagem, ao relembrar as ameaças do ladrão que poderia estar falando com outra pessoa sobre as dificuldades e maneiras de atingir o objetivo.
- Quando vi o vulto passar na janela ao lado da porta deu o último aviso e não adiantou. Atirei na porta, a bala atravessou e ele começou a gritar – relatou a também vítima que previa o pior para ele e a mulher.
- Se eu não reajo não sei  o que eu poderia ter acontecido com a gente. Numa hora dessas é uma questão de vida ou morte – Analisa.
O aposentado agora torce para não sofrer uma punição severa da justiça, uma vez que deverá responder por porte ilegal da arma que pode ter salvado suas vidas.

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