quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Para início de conversa ...

                       
                                                                                  Paulo Eduardo Dias Taddei

                        Em primeiro lugar, quero agradecer ao Nael, pelo convite para participar, como um dos colunistas, de seu “Jornal Eletrônico”: é um privilégio, Nael!
                        Em segundo lugar, abraçar a todos e todas que valorizam o trabalho deste jovem jornalista. É necessário que valorizemos o trabalho que é feito aqui, por pessoas que aqui vivem, sem, claro, fechar as portas para o mundo.
                        Por uma questão de honestidade e de respeito a cada leitor e leitora deste Jornal, sinto-me no dever de, antes de escrever qualquer coisa, apresentar-me, e, em apresentando-me, apresentar, ainda que superficialmente, por razões óbvias, a minha visão de mundo, para que ninguém se engane ou se sinta enganado, porque ninguém é neutro: todos nós somos o resultado inacabado de nossas construções históricas, onde se situam nossas crenças e convicções.
                        Por que faço isso? Como disse, por honestidade e respeito. Fico um pouco contrariado com tantos quantos se proclamam neutros ou imparciais, para, dissimuladamente, introduzir (ou tentar) suas “visões de mundo” – e até partidárias –  como se nada tivessem com elas ou, no mínimo, para dar um certo “ar de impessoalidade”  (ou pseuda respeitabilidade) àquilo que afirmam.
                        Com efeito, apenas para dar um exemplo, ao ler um jornal, ouvir rádio, ver TV ou ler um livro, podemos perfeitamente captar a ideologia que está por trás de cada uma dessas modalidades de informação, ou de conhecimento, no caso do livro, dependendo do objetivo da obra, é claro.
                        Ressalto ainda que “visão de mundo” não tem necessariamente uma relação com opção partidária, sobretudo pela situação em que se encontram hoje a maioria dos partidos brasileiros. Assim, “visão de mundo” é algo muito mais profundo, pois diz respeito a uma postura perante a vida, ao mundo e a humanidade. Ela mexe com questões estruturais e não meramente conjunturais.
                        Há, por exemplo, quem faça da religião, sua concepção de mundo, permeando a maioria de suas ações e reflexões com base nos princípios e fundamentos de sua crença. Por outro lado, há quem faça de um “projeto de sociedade” a sua concepção de mundo, ao defender uma sociedade na qual o trabalho deve servir ao capital ou, ao contrário, ao proclamar uma sociedade na qual o capital deve servir ao trabalho. Estes são apenas alguns exemplos de visões ou concepções de mundo.
                        Claro, que sabemos também que neste momento histórico, chamado por muitos pensadores de pós-modernidade, as concepções de mundo ou as “questões estruturais” cederam lugar ao superficial, ao efêmero, pois, de uma forma geral, a humanidade vive apenas conjunturalmente, não tendo sequer uma breve visão do estrutural. É a conhecida “sociedade do espetáculo”: um grande circo no qual a maioria da humanidade protagoniza o papel do “palhaço/consumidor”.
                        Não se pode esquecer, falando nisso, que olhar é diferente de ver. A maioria olha, mas não vê, e não vê porque não reflete sobre aquilo que olha, até mesmo porque não dispõe de instrumentos para tanto. Assim, fica muito fácil o fenômeno do adestramento de seres humanos, por um grupo que dita todas as regras de uma sociedade, transformando o povo em simples “massa de manobra” ou em um coletivo de consumidores e contribuintes. Tudo se torna natural! E todos aceitam o “natural” como imutável, prorrogando o inacreditável: o domínio de muito poucos sobre quase todos. Por isso digo que a minha utopia não é algo inatingível ou um produto da ficção, pois inacreditável mesmo é o que acontece diante de nossos olhos diariamente: alguns poucos parasitas espertalhões dominando de forma quase absoluta uma humanidade coisificada e alienada.
                        Pois bem: para que ninguém se engane: minha utopia é a construção de uma nova sociedade: uma sociedade na qual o trabalho prevaleça sobre o capital, ou seja, para ser mais preciso: uma sociedade na qual as mercadorias sejam menos importantes do que o ser humano; o ter seja menos importante que o ser, independentemente de sua condição social. Preciso dizer mais?






1 comentários:

  1. De fato amigo Paulo,neste atual período histórico, que se convencionou chamar de posmodernidade; a sociedade como um todo vive a serviço do dinheiro (capital), e o trabalho é alienado se suas funções reais.

    Abraço ao amigo, e aos demais leitores!!!

    Alex Vaz Cardoso

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