Abigeato ultrapassa tráfico em Piratini

Sexta-feira- 09 de agosto 

  

Inspetor garante enfrentamento se precisar

- Elas pareciam chorar sobre o corpo de um filho - Com essa frase contundente Tiago Vieira, inspetor de Polícia Civil de Piratini, em entrevista à rádio Nativa resumiu a comoção que tomou ele e seus colegas ao atenderem a primeira ocorrência no mês de agosto que, somadas aos números elevados deste ano confirmam que o crime de abigeato superou o furto e o tráfico de drogas, mazelas da zona urbana quase dizimadas pela ação da polícia nos últimos dois anos.

Ele se referiu a Idalina e Tatiane Lucas, mãe filha mostradas aqui no Eu Falei semana passada em desespero por terem as duas éguas de montaria da propriedade mortas pelos ladrões.

Ontem, quinta-feira, outra ação resultou em mais três, duas vacas e um novilho, esquartejados no 1º distrito. Somente no primeiro semestre, 49 animais foram abatidos e, em menos de dois meses da segunda metade do ano 14 foram roubados.

A audácia, a repetição do fato e a dificuldade de captura são indícios claros de que sociedade e às forças policiais estão perdendo a guerra para as quadrilhas que lesam as famílias rurais.

- Não são somente ladrões matando pra comer e sim, quadrilhas organizadas que tem em média doze pessoas na linha de frente, outras para fazer a limpeza e venda e os receptadores – revela Vieira.

Ele disse que a polícia investiga não só estabelecimentos não autorizados a comercializar carne, mas, também os outorgados e com alvará para este tipo de comércio.

- Se flagramos e, após laudo da inspeção sanitária que comprove a clandestinidade, o dono do comércio receberá voz de prisão – alerta.

Punições

Mas o próprio agente se desestimula quando fala das possíveis penas previstas no Código Penal a serem aplicadas a ladrões e receptadores.

- A sociedade e, neste caso também a polícia, clamam por uma mudança no código que é de 1940 e está ultrapassado. É inadmissível que uma quadrilha invada a propriedade alheia, mate, roube e ofereça riscos a quem consome a carne e tenha como punição entre um e quatro anos de prisão, geralmente em regime aberto ou transformado em medida sócio- educativa - critica Tiago Vieira.

Essa suavidade em caso de condenação, a rotina criminosa e a indignação dos criadores com tantos prejuízos são fatores motivadores para uma reação perigosa diante da insegurança no meio rural.

- Não aconselhamos reação. Ao perceber movimentação ou carros estranhos, nos acione que estamos armados e possuímos treinamento para uma reação mais truculenta, o que se precisar eles terão de nós certamente – avisa o inspetor, numa referência aos grupos que já se formaram em alguns distritos para combater os abigeatários.

Números de animais roubados em 2013.

Janeiro- 05 animais

Fevereiro, 07 animais

Março – 10 animais

Abril- 14 animais

Maio- 08 animais

Junho- 05 animais

Julho- 09 animais
Agosto- Até o momento, 06 animais