sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A história do gaúcho símbolo do tradicionalismo

Mandico falou com orgulho das tradições deixadas pelo pai
“Lá vem o juca na mula, e acho que vem pra cá. Deve trazer a cachaça e já vir louco de gambá. Faz um mate bem bueno antes do bicho chegar”.


Fala única, conhecida de cor e salteado pelos piratinenses, ei uma das marcas do gaúcho mais bagual do Sul do Estado. Erni Pereira Alves não só foi uma das ilustres figuras piratinenses, dando nome ao Centro de Eventos onde acontecem as comemorações da Semana Farroupilha, como é a representação do gaúcho de verdade, que mantém as tradições, preza pela boa vida, sem muito luxo, mas bem vivida.

Segundo um documento produzido por sua esposa, Bela Regina da Silva Aires, Erni nasceu no segundo distrito de Piratini, no dia 15 de junho de 1937. Filho de Angenor Alves Martins e de Elvira Pereira Alves, residiu até 1967 no distrito com seus pais e seu irmão, Edar Pereira Alves.

O gaudério de coração mudou-se para Piratini em 1972, onde começou com os rodeios e shows que passaram por todo o Rio Grande do Sul. Trabalhou com artistas de nome internacional como Darci Fagundes, Gildo de Freitas, Gaúcho da Fronteira, Valdomiro Melo, Ademar Silva, Moraezinho, Formiguinha, Crioulo dos Pampas, Francisco Vargas, Ana Paula, Cláudio Rodrigues, entre tantos outros. Produziu também um rodeio na cidade de Passo Fundo, na fazenda Capão Alto, para a filmagem de “Gaúcho de Passo Fundo”, filme de Teixeirinha.
 
O mestre dos poemas, trovas e versos levou o nome de Piratini para todos os cantos do Rio Grande do Sul, Paraná e também ao Paraguai. Residia com sua esposa e seus filhos Éber Aires Alves, o “mandico”, e Eides Aires Alves, o “mandiquinho” no Passo da Batalha, até que foi hospitalizado em Pelotas com um infarto agudo, vindo a falecer no dia 21 de março de 2005.

Eternizado pelas vinhetas do “programete” Tiro de Laço, transmitido de hora em hora pela Rádio Nativa FM 93.9, Erni mantinha a tradição gaúcha não só nos versos, o que praticava desde a época em que produzia rodeios na década de 70, quando conectava o microfone na bateria dos carros e mostrava seu dom, mas através de seus filhos Éber e Eides. “Cresci vendo meu pai fazer os versos”, disse Éber, o filho mais velho, conhecido como “mandico” - apelido dado pelo pai. “Ele tinha uma facilidade horrorosa em fazer música, mas era natural dele. Fazia as vinhetas por gostar, por que amava, nunca pensou em dinheiro”, completou.

Além da tradição cultural, os filhos receberam como herança o respeito pela terra. “Nos criamos no sistema do pai, e mantemos até hoje. O mesmo modo de trabalho, de caráter, de idealismo, de gaúcho mesmo!”, disse Éber, emocionado. Segundo mandico, essa época do ano era a Copa do Mundo de Erni. “Ele acreditava na cultura, mas falava muito do gaúcho só do 20 de Setembro, que se pilchava na data e depois esquecia. Isso ele era contra”.

O “bugre criado neste Rio Grande velho”, como Erni mesmo se intitulou em uma de suas letras, gostava mesmo da vida de rodeio, e o cavalo, sempre preto, era como parte do corpo do gaúcho. “A expressão dele chamava a atenção, tinha o jeito natural de gaúcho de falar as coisas, que era dele mesmo, sem imitar ninguém. Se criou domando cavalo e vivia pelos arredores do Rio Grande do Sul”, disse o filho.

O símbolo gaúcho da região foi e continuará sendo o exemplo do que é ter orgulho da cultura do Rio Grande do Sul, sem modismos, respeitando as tradições. Como disse mandico, “ele queria viver bem, no jeito dele. Queria viver a vida dele, aproveitar, criar os filhos, sem pensar em posse, e deixar sua marca na história, e deixou”.
Redator: Tradição Regional (Permitimos a reprodução total ou parcial da matéria desde que citada fonte)

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