Quando a
cavalgada condutora da Chama Crioula acessou as avenidas Maurício Cardoso e
Gomes Jardim, as duas que cortam de um extremo ao outro o centro histórico da
terra Barbosa Lessa, ícone compositor tradicionalista, o questionamento
daqueles que aguardavam a chegada dos cavalarianos com relação a quem foi dada
a missão de carregar a chama em 2013 foi respondido.
Empunhando o Candeeiro que abrigou por cinco
dias a centelha que mais tarde daria inicio a Semana Farroupilha do pago que é
berço da tradição, uma professora, uma mulher, mostrando que a organização composta
na maioria por homens as trata de igual maneira diante de sua importância
dentro do movimento tradicionalista, o que nem sempre é a visão do órgão
supremo que dita às regras e limita a participação do sexo feminino em
atividades relacionadas à cultura rio-grandense.
Dionea Oliveira
da Rosa tem personalidade forte e assim se mostra isso ao discutir com
autoridade sobre regras não só com o marido Alcir Espinosa, sargento da Brigada
Militar e que compartilha da maioria das opiniões de sua prenda com relação a
participação da mulher nas atividades culturais do gênero, mas também nas
reuniões que antecedem e organizam a busca da chama anualmente.
Por ela, a
faca, a espora e o laço, fariam parte da indumentária e dos arreios no Desfile
de Cavalarianos na data máxima do gaúcho, o que não é permitido pelo Movimento
de Tradições Gaúchas, MTG.
Campeira,
atividade que aprendeu na propriedade do pai na localidade Curral de Pedras,
mas hora um tanto reduzida desde que se tornou professora, Dionea não poupa
críticas ao MTG.
- O movimento
é contraditório. Fiscaliza por exemplo a competição o Laço Prenda onde somos
obrigadas a usar laço e faca, e no desfile dia 20 não permite o uso das mesmas.
Se na hora do “vamos ver” usamos e damos conta, não tem sentido no desfile não
podermos também usar. Isso é
discriminação – critica a professora.
Com relação a
ter sido escolhida para portar a chama, opina:
- Foi justo.
Desde criança vacino, curo bicheira nos terneiros, faço até o hoje a lida
campeira e na busca da chama, meu marido cuida do cavalo dele e eu do meu, é
igual então não há motivo para não ser uma mulher a conduzir. Não somos sexo
frágil – pontua.
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