sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Diego Espindola fala e garante que fica


Mesmo a oposição já tendo apontado na câmara possíveis irregularidades envolvendo o fornecimento de oxigênio domiciliar, procedimento realizado em parceria com o hospital municipal e interrompido neste formato após a denúncia, Diego Espíndola passava ileso dentro do inferno astral político que atravessa há cinco meses o governo do tucano Vilso Agnelo, reeleito com  7017 votos e hora, mergulhado em sucessivas e vultosas denúncias de irregularidades que levaram o Ministério Público instaurar investigação que pode resultar em condenação por Improbidade Administrativa onde uma das sanções é a perda dos direitos políticos.

Na segunda-feira, ao estampar junto com o prefeito duas páginas do regional Diário Popular, o secretário de saúde, pasta que impulsionou o segundo mandato de Agnelo, sofreu um grande abalo quando o MP tornou público que ajuizou ação civil pública onde a Promotoria Especializada do Rio Grande do Sul esteve à frente da investigação atuando no caso durante 24 meses antes de ele vir a tona.
 Não só o fornecimento de oxigênio, mas integra ainda a ação, possíveis irregularidades envolvendo a contratação de agentes de saúde sem os  critérios exigidos por lei onde a Associação Venda da Lata, ré no processo por manter o convênio que assinou e permitiu as contratações sem processo seletivo.

 Espíndola, 38 anos e desde 2007 como gestor da área em Piratini, num primeiro momento se manteve quase em silêncio e recluso à propriedade da família, localizada ao final do perímetro urbano da cidade, limitando sua manifestação sobre o assunto a uma pequena nota  publicada em sua conta na rede social.

Contrariando os conselhos de advogados, ele quebrou o silêncio na noite da quarta-feira, 25, e falou com a imprensa local, algo comum em sua gestão, mas, incomum na administração tucana como  um todo que, quando o assunto não são obras e projetos, se mantém fechada num silêncio quase sepulcral.

Diego recebeu o Eu Falei concedendo exclusiva  onde aceitou  falar de todas as denúncias que o envolvem , inclusive da gravação feita por uma fonoaudióloga  e ex – funcionária da prefeitura que embasam o processo do Ministério Público quanto ao agentes.

Na residência sempre movimentada pela chegada e saída de amigos e ligações de apoio ao que ele classificou como um dos piores momentos  de sua vida, Diego demonstrou seu abalo psicológico com a situação, o que o fez  chorar por três vezes durante a reportagem e revelou que o pedido de demissão do cargo  foi cogitado.

Oxigênoterapia

Neste sentido, Espindola admitiu a falha que lhe rendeu um dos processos, mas, argumentou que a necessidade em encontrar empresas interessadas e em tempo hábil, é tão grande quanto à urgência que os pacientes têm em receber os cilindros.

- Todas as cidades enfrentam esse problema e fazem desta forma para que as pessoas não tenham que esperar por algo que as mantém vivas.  Quando recorrem ao Estado, este primeiro pede no mínimo cinco exames pra saber a quantidade de oxigênio que o paciente precisa receber e, muita destas pessoas não tem acesso rápido a tantos exames, mesmo precisando do ar 24 horas sem falar nas muitas entraram com ação na justiça e não foram contempladas pelo Estado então, preocupado com a comunidade, arrumávamos uma maneira de dar o oxigênio e ampliamos essa maneira quando adquirimos dez máquinas que tem mantido a vida delas. Se o Estado não cumpre com sua obrigação o município é a saída mais próxima. Prefiro pecar por ação e não por omissão -

Contratação de Agentes de Saúde e gravação 

Na ação do MP que se baseou na gravação telefônica entregue pela fonoaudióloga à promotoria e obtida em uma conversa entre a profissional em questão e o secretário, ele é acusado de buscar favorecimento político ao, através da Associação Venda da Lata, contratar os agentes sem concurso público e segundo seu critério de escolha. Ele nega possíveis vantagens, duvida da veracidade do conteúdo, mas questionado se tem ciência de que feriu a lei e poderá ser punido inclusive com a perda dos seus direitos políticos, ele responde:

- Eu já poderia ter sido candidato nas duas últimas eleições e não fui. Minha paixão e projeto de vida é a saúde e tem dado certo e nesta área por minhas ações obtive reconhecimento.

Quanto à gravação, não me lembro desta mulher que saiu da prefeitura no inicio da minha gestão, acho extremamente antiético que um profissional de saúde faça isso, quero realmente saber se a voz é minha já que não sou apenas eu que uso meu telefone e, se é minha, se não há uma montagem em cima, o que hoje é muito fácil fazer. Há várias vozes na ligação, vou pedir uma investigação da Polícia Civil. 

Com relação à contratação de agentes, erramos e já assinei um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público onde nos comprometemos a realizar concurso público, isso será feito. Quero salientar que quase a totalidade dos municípios usam essa maneira através de associações, entidades e policlínicas por  exemplo e convênios  também com hospitais dado às  dificuldades em se  fazer saúde pública. É algo comum em todo o país, e aqui em Piratini isso já ocorre desde governos anteriores. Então todo mundo é réu no Brasil e outros já deveriam ter sido condenados em Piratini? -

Cosems e Secretaria

Espindola ocupa hoje uma posição de destaque na saúde regional e estadual, ao ser o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde da zona sul e ocupar a vice-presidência do mesmo conselho no Rio Grande do Sul. Ele assegura que às denúncias não motivaram nenhuma manifestação contrária à sua permanência e sim, um apoio maciço para que se mantenha a frente dos órgãos.

- O que fiz na segunda – feira foi chorar. Não tinha como não fazer isso. Mas, recebi mais de cento e cinquenta ligações, grande parte delas de membros dos conselhos e autoridades em nível e estadual e nacional na área da saúde. Vou permanecer. Quanto à Secretaria de Saúde, não tem como não balançar. Minha família está enfrentando dois grandes problemas de saúde e não queria trazer mais esse para meus pais, sem falar no meu filho (neste momento choro pela terceira vez) já que lá na frente gostaria de dizer pra ele que o pai ajudou em algumas das conquistas para melhorar essa cidade.   

Mas recebi apoio da minha equipe com quem convivo mais do que com minha família e de muitos amigos assim, entendi que tenho muita responsabilidade com a minha comunidade então, acabei revendo ações que pretendia tomar e, se me deixarem vou continuar, pois não serão boatos nem gravações duvidosas que vão derrubar um grande projeto -

O MP também pede a perda da função pública de Ávila e o pagamento de multa.

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