Em Cruz Alta, alunos de escolas infantis estão no foco das ações de prevençaMarcelo Gonzatto |
Pessoas saudáveis, de 20 a 50 anos e que não foram vacinadas estão
entre as vítimas mais frequentes do vírus H1N1 na lista divulgada na
quinta-feira com os 29 gaúchos que já morreram neste ano devido à gripe A — seis a mais do que no começo da semana.Os
dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde revelam ainda que o
registro de óbitos vem aumentando. Enquanto se esgotam os estoques de
vacina em municípios como Porto Alegre, as autoridades apostam na prevenção e no tratamento com antiviral para conter o avanço da doença.
Das
vítimas verificadas até quinta-feira, 82% se encontravam no perfil
etário excluído da campanha nacional de vacinação — que visou apenas
aos menores de dois anos e aos idosos com 60 ou mais. Ser saudável não
é compensação suficiente: 62% dos mortos não apresentavam complicações
crônicas de saúde.
— Está morrendo quem não foi vacinado. O
perfil de idade é de quem estava na faixa etária desprotegida, o que
mostra que a política ideal teria sido ampliar a vacinação — observa o
chefe do serviço de Infectologia do Hospital Conceição, Breno Riegel
Santos.
O impacto geográfico do vírus se concentra, até o
momento, na região das Missões, onde houve seis mortes — seguida pela
Grande Porto Alegre e pela Fronteira Oeste.
Embora ainda esteja
distante do patamar de 2009, quando matou 297 gaúchos, a gripe segue
com tendência de intensificação. O relatório demonstra que, desde o
registro do primeiro caso, em 5 de junho, a cada semana a quantidade de
vítimas vem aumentando.
Em 2010, foram mais de 5 milhões de doses da vacina.
A
chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da
Saúde, Marilina Bercini, avalia que a estratégia de vacinação foi a
possível dada a quantidade de 2,9 milhões de doses conseguidas. Em
2010, foram mais de 5 milhões.
— Infelizmente, essas mortes
ocorreram, mas poderíamos ter muito mais se não vacinássemos os mais
vulneráveis — avalia a especialista.
Na Capital, está encerrada
a campanha de vacinação. Os postos de saúde têm agora apenas a reserva
de vacinas necessária para aplicar a segunda dose em crianças de seis
meses a dois anos.
— Agora, não temos previsão de que sejam
enviados novos lotes, porque não há mais estoques — afirma o
coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, José Carlos
Sangiovanni.
Sangiovanni diz que a política agora é de
concentrar esforços na prevenção e na aplicação do antiviral Tamiflu
nos casos suspeitos para evitar complicações. Segundo ele, há estoque
suficiente do medicamento na rede pública.
Os
números atestam que a menor cobertura vacinal este ano, em comparação
com a primeira imunização realizada em 2010, tem sido um fator
fundamental para determinar o perfil de quem morre devido ao vírus.
marcelo.gonzatto@zerohora.com.br
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